Como nossa dieta pode influenciar o risco de ter Alzheimer
Muitos estudos clínicos e observacionais sugerem uma forte associação entre dieta e declínio cognitivo. Estes estudos ainda indicam como a alimentação pode ser facilmente modulada para ser um grande influenciador nos fatores de risco de doenças neuro-degenerativas, como a Doença de Alzheimer.
Estudos epidemiológicos mostram efeitos protetores de vários nutrientes incluindo vitaminas do complexo B, nutrientes antioxidantes e ácidos graxos poli-insaturados.
Esses nutrientes se relacionam com aumento da plasticidade neuronal e com redução de processo neurodegenerativo, atuando como alternativas importantes para redução do risco para DA.
NUTRIENTES ANTIOXIDANTES
A fase inicial da doença de Alzheimer está relacionada ao aumento do estresse oxidativo. Ou seja, tem como característica o desequilíbrio entre a formação e remoção de agentes oxidantes no organismo. Neste sentido destaca-se a vulnerabilidade do cérebro aos danos provocados pelos radicais livres. Sabendo que o cérebro é rico em ácidos graxos poli-insaturados, apresenta menor concentração de componentes antioxidantes, tem alta concentração de metais de transição e é o órgão com alta taxa metabólica, utilizando 20 % do oxigênio corporal.
Assim uma alimentação rica em vitaminas e minerais é extremamente importante para amenizar esse efeito oxidativo. Vamos destacar alguns desses nutrientes.
Considerando que o SELÊNIO é um importante elemento químico antioxidante, neutralizador de peróxidos no organismo humano, muitos estudos têm demonstrado uma relação importante entre o status desse mineral e o declínio cognitivo. Estes estudos sugerem que a sua deficiência pode aumentar o risco para a doença.
As melhores fontes alimentares de selênio são as carnes, ovos, os cereais integrais e a castanha do Brasil (ou do Pará).
Outros nutrientes com função antioxidante importante são as vitaminas C e E e do complexo B.
Como fontes alimentares dessas vitaminas temos os seguintes alimentos:
- Vitaminas do Complexo B
– B1 (Tiamina): gema do ovo, arroz integral, aveia, castanha-do-pará, fígado, cereais integrais, feijão, peixes, pão integral.
– B2 (Riboflavina): brócolis, abacate, amendoim, castanhas, lêvedo de cerveja, nozes, leite, carne, ervilhas e verduras.
– B3 (Niacina): fígado, levedura de cerveja, carnes magras, ovos, leite, amendoim, castanha do Pará, fígado, frutas secas, tomate e cenoura.
– B5 (Ácido Pantotênico): ervilha, feijão, cogumelo, ovos, gérmen de trigo, melado, salmão.
– B6 (Piridoxina): melado, levedo de cerveja, farelo de trigo, leite, arroz integral, aveia, cereais integrais, batata, melão.
– B7 (Biotina): fígado, levedo de cerveja, gema de ovo crua, leite, nozes, gérmen de trigo, amendoim e aveia.
– B9 (Ácido Fólico): verduras de folha verde, vísceras de animais, frutas secas, legumes, levedura de cerveja e grãos integrais.
– B12 (Cobalamina): alimentos de origem animal ( carnes, ovos, leite e derivados)
2. Vitamina C (ácido ascórbico): laranja, abacaxi, limão, goiaba, maracujá, acerola, mexerica, kiwi, morango, abóbora, couve-flor, repolho, tomate.
3. Vitamina E: cacau, sementes e oleaginosas, peixes (salmão), ovo.
Outro nutriente que apresenta como um fator protetor do Sistema Nervoso Central é o Ômega-3. Isso se dá devido ao seu papel anti-inflamatório. Estudos têm demonstrado uma série de benefícios em decorrência ao consumo de Ômega-3, principalmente em relação à inibição da cascata inflamatória e redução do estresse oxidativo.
Como fontes alimentares temos os peixes (sardinha) e sementes/óleos vegetais (linhaça, gergelim, girassol).
Dieta e alimento
Dietas restritivas em calorias têm demonstrado aumento na expectativa de vida, além de maior resistência dos neurônios à degeneração. Uma explicação para esse efeito seria a redução do estresse oxidativo, já que a metabolização de nutrientes acarreta em aumento significativo na produção de radicais livres.
Coerentemente, dietas hipercalóricas têm sido associadas ao aumento do risco de DA.
A dieta do Mediterrâneo tem se mostrado eficaz ao reduzir o risco de declínio cognitivo relacionado à idade e está associada a um menor risco de DA. Isso se deve à qualidade dos alimentos incluídos nesse tipo de dieta como peixes, cereais integrais, azeite de oliva e vinho tinto e ao elevado teor de antioxidantes combinado com reduzida ingestão calórica.
Considerações finais
A DA é uma doença multifatorial ainda sem causas nem cura definidas. Quando diagnosticada, já apresenta sérias alterações fisiopatológicas, usualmente irreversíveis. Deste modo, a prevenção consiste na melhor maneira de lidar com a doença e, por isso, uma alimentação balanceada deve ser recomendada para todos os indivíduos, independentemente da faixa etária.
Referências bibliográficas:
- MORITZ, B., MANOSSO, L. M.; Nutrição Clínica Funcional: Neurologia, ed. VP, São Paulo, 2015.
- Paschoal, V.; Marques, N.; SANT’ANNA, V. SUPLEMENTAÇÃO, ed. VP, São Paulo, 2015.