Consumo de Álcool por Idosos: um Problema a ser abordado.

Após os 60 anos, é comum o surgimento de diversas doenças decorrente da idade, como diabetes, osteoporose, problemas cardiovasculares, colesterol elevado, entre outros. Entretanto, as complicações podem aumentar se a pessoa consumir álcool em excesso.
De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), organização não governamental que se destaca como uma das principais fontes no Brasil sobre o tema, a prevalência crescente de problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas entre idosos é preocupante.

Segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2025 o Brasil terá cerca de 216 milhões de habitantes, dos quais 32 milhões (14,8%) serão idosos. O mais recente Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) e pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) em 2013, constatou-se que 7% da população brasileira acima dos 60 anos de idade fazem uso diário de álcool. Os efeitos desse consumo são mais intensos nos idosos em razão das alterações fisiológicas do envelhecimento.

 

Causas do alcoolismo entre idosos

A depressão e a ansiedade são transtornos que podem levar alguns indivíduos idosos ao alcoolismo, principalmente aqueles que já fazem uso frequente de álcool, explica a dra. Carolina Hanna, psiquiatra do Núcleo de Álcool e Drogas (NAD) do Hospital Sírio-Libanês. Geralmente essa condição está associada à aposentadoria, à solidão, à viuvez, ao isolamento social e a alguma doença crônica.
No entanto, segundo explica a médica, a dependência tende a ser menor quando o idoso começa a beber já na idade adulta. “O uso precoce de álcool, desde a juventude, contribui para a maior dependência”, afirma.

Os homens costumam beber mais do que as mulheres. Segundo a dra. Carolina, além de terem natureza mais impulsiva para a bebida, historicamente o consumo de álcool entre eles era muito mais aceito cultural e socialmente que entre mulheres.
No entanto, com as mudanças socioculturais das últimas décadas, o uso de álcool e outras drogas entre as mulheres vem aumentando e merece cuidado especial. “Diferenças na composição corporal das mulheres torna os efeitos do álcool mais nocivos entre elas”, comenta a psiquiatra. “Vale lembrar também que para pacientes com histórico familiar de câncer de mama, o uso de álcool em excesso contribui como mais um fator de risco”, acrescenta.

Na terceira idade, o álcool pode contribuir ainda para um maior risco de quedas e para o desenvolvimento de doenças crônicas comuns a essa faixa etária, como diabetes, hipertensão, entre outras. Para aqueles que usam medicamentos tranquilizantes, analgésicos, sedativos, estimulantes e antidepressivos, o uso de álcool aumenta o risco de efeitos colaterais e pode influenciar na efetividade do tratamento.
O uso abusivo de álcool pode ainda acelerar o processo normal de envelhecimento do cérebro, aumentando a perda de tecido cerebral e a diminuição de massa dos lobos frontais, responsáveis pelo planejamento de ações, pelos movimentos e pelo pensamento abstrato.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe nível seguro para o consumo de álcool. Se a pessoa costuma beber diariamente — as mulheres acima de uma dose, e os homens acima de duas — sem um intervalo de pelo menos dois dias sem bebida, há um aumento considerável dos riscos de problemas para a saúde, avalia a dra. Carolina. “Considera-se particularmente perigoso o consumo de quatro ou mais doses de bebida alcoólica em uma mesma ocasião”, ressalta.

Fonte: Hospital Sírio-libanês.

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